Quem observa crianças livres brincando na natureza percebe que ali é seu habitat natural. Existe intimidade e fascínio. Curiosidade aguçada. Crianças observam os fenômenos vivos com muita atenção: um pôr do sol, um pássaro, um arco íris, uma teia de aranha orvalhada, uma nova flor.
Quando têm permissão podem permanecer muito tempo conectadas em ambientes naturais. Elas rapidamente percebem que ali é um espaço de pesquisa, que permite vislumbrar padrões que estão relacionados à sua própria vida.
A pesquisa que as crianças empreendem gera proximidade, promove prazer sensorial e encantamento. Nesse momento, o silêncio é precioso. As palavras muitas vezes perdem sua função diante do maravilhamento.
Nos quintais queremos sustentar esse campo, permitir a conexão profunda das crianças e adultes com os outros seres vivos presentes. Afinal, conexão é um dos princípios que rege a natureza. Todos nós, seres vivos, dependemos uns dos outros, estamos interligados em uma teia energética e cíclica que modifica nossos estados de ânimo e cria vínculos afetivos.
A natureza propicia amorosidade? Crianças que têm liberdade corporal e experiências vivas costumam ser mais amorosas e ecológicas? A resposta óbvia, vinda da intuição e da nossa observação cotidiana, seria sim, porém resta um longo caminho a percorrer para compreender como o amor é gerado na relação direta com a diversidade da vida.